Estamos em um momento de mercado do qual são questionados muitos dos conceitos culturais de sucesso pré-estipulados por exemplos de grandes multinacionais e companhias tradicionais e que hoje, com a evolução da tecnologia, da velocidade das coisas e, do próprio ser humano, talvez precisem ser revistos.
E quais seriam esses “conceitos de sucesso”? Falavam-se muito em meritocracia, hierarquia, liderança, aprendizado pela experiência e tantos outros modelos que nos traziam a sensação de vitória profissional, se alcançados. Uso o passado para falar deles mas será que ainda não estamos com esses conceitos intrínsecos em nós e, mesmo os negando e dizendo que não os praticamos, não estamos ainda os colocando em prática e de forma mascarada? – e aí que pode estar nosso tendão de aquiles, pois quando fazemos algo conscientemente, nos traz a clareza do caminho que está sendo seguido, mas inconscientemente, pode ser nosso gatilho para o “não sucesso”.
Praticamos ou apenas falamos sobre?
Com isso, entro no tema do artigo, a palavra colaboração. Palavra moderna, utilizada por muitas startups ou empresas da nova geração, trazendo um conceito diferente do que o tradicional falado acima – a horizontalização das decisões. Muitos usam diversos sinônimos para ela: trabalho em time, parceria, cooperação, todos no mesmo barco, e assim vai. Colocamos esse novo mindset nos valores das empresas, nos temas de reuniões, nas discussões de decisões em público. O ponto que quero trazer hoje é: estamos mesmo o praticando? Ou apenas a usamos em termos conscientes para transpor um conceito, e deixamos de colocar em prática no sub-consciente?
Toda vez que nos fechamos em uma sala de reunião sozinhos para “nos concentrarmos” na criação de algo ou desenvolvimento de algo, estamos sendo colaborativos? Ou, em cada momento que deixamos de escutar uma ideia nova sobre algum projeto que criamos e já testamos – e mesmo que àquele tenha sido um sucesso em algum momento – , estamos sendo colaborativos? Uma regra definida pela gestão e replicada à todos na empresa para a “boa conduta de algo”, é ser colaborativo?
Ter o pilar da colaboração em uma companhia é um grande desafio, pois pode lidar com a quebra de termos como: “uma boa reunião”, “senso comum”, “eu estudei para isso”, “sei o que eu estou falando”, ou até “esse é o bom para todos”, para entendermos o que realmente podemos dividir entre nós, escutar o outro e estarmos abertos às diferenças de maneiras, costumes, estratégias e atitudes que cada um pensa sobre algo, indiferente de seu cargo ou posição na empresa. A colaboração engloba não termos separação de tarefas, e sim, estarmos todos voltados à um bem comum, indiferente do seu papel individual naquilo.
Colaborar, muitas vezes, dói.
Ninguém será o autor de nada, ninguém será o criador de nada, todos serão percursores de algo muito maior, e que o brilho estará no impacto que esse grupo trará para a sociedade por meio do seu esforço em conjunto. Você poderá não ser reconhecido individualmente, não haverão prêmios em seu nome, não teremos destaque em nenhuma mídia ou grupo de influenciadores. O trabalho pode ser diluído, e o reconhecimento externo, também.
Então, nos coloco para pensar – inclusive a mim mesma – como podemos disseminar melhor a realidade de ser colaborativo, para que possamos um dia trabalharmos e agirmos assim pelo nosso inconsciente, sem que machuque o consciente e o prazer venha de um impacto em si e não da glória de você ter sido reconhecido por ele?
O dia em que trouxermos essa resposta de forma natural para o nosso cotidiano profissional e pessoal, talvez consigamos que esse termo deixe de ser algo da moda e torne-se, de verdade, uma ação cotidiana, natural e prazerosa para o mercado, negócios e na nossa rotina.
E deixo a reflexão: Para começar, o que podemos mudar no dia de hoje?
